A verdade oculta: O erro ao chamar o seu empregado de “colaborador”

Entenda porque devemos desconstruir o mito do “colaborador” nas Relações Trabalhistas

Vinicius Salum

1/10/20252 min read

No final do século XX, em um contexto de mudanças nas dinâmicas corporativas, o termo “colaborador” começou a ser amplamente utilizado no meio empresarial. O surgimento deste termo está diretamente ligado à tentativa de modernizar as relações de trabalho, suavizando a percepção de hierarquia e subordinação que a palavra "empregado" carrega.

Em outras palavras, com a crescente adoção de modelos de gestão mais horizontais, foi criado o conceito de "colaborador", visando transmitir a ideia de que o trabalhador não apenas executa ordens, mas também contribui ativamente para o sucesso da empresa, estabelecendo um ambiente de trabalho supostamente mais participativo.

No entanto, tal terminologia também pode ser vista como uma tentativa de amenizar a realidade da relação de trabalho, a qual, na essência, permanece sendo a mesma: subordinação e hierarquia, inerentes ao sistema capitalista.

Por isso, a adoção do termo "colaborador" visa, em muitos casos, ocultar o desequilíbrio de poder entre empregador e empregado. Enquanto o empregador detém os meios de produção e a autoridade sobre a organização do trabalho, o "colaborador" continua, na prática, subordinado e dependente das decisões de seus superiores.

O simples uso de uma nomenclatura diferente, tal como "colaborador", não altera a realidade das condições laborais. A maneira mais eficaz de respeitar o trabalhador não é mascarando esta relação com termos abstratos, mas sim, criando um ambiente de trabalho saudável, com regras bem claras, onde o empregado se sinta parte integrante da cadeia de produtividade e do sucesso da empresa.

A valorização do empregado passa por outros aspectos fundamentais, como uma remuneração compatível com suas funções, um ambiente de trabalho respeitoso e seguro, além de diretrizes precisas e transparentes, como planos de cargos e salários, regulamentos internos bem definidos e um código de conduta que promova equidade e justiça dentro da empresa.

Apesar de ser amplamente utilizado ainda nos dias de hoje, o termo "colaborador" não reflete a realidade da relação contratual. Como exposto, o que torna um empregado mais satisfeito e realizado profissionalmente é uma série de fatores que promovem o bem-estar no ambiente de trabalho, ao invés da mera adoção de uma linguagem aparentemente mais branda.

Portanto, o termo correto a ser utilizado é "empregado", conforme prevê a legislação trabalhista, pois define claramente a relação de subordinação, a obrigação de cumprimento de ordens e o vínculo empregatício formal entre o trabalhador e o empregador.

Conclui-se, assim, que quando a empresa estabelece esses parâmetros, o empregado tende a se sentir mais integrado ao objetivo organizacional e, consequentemente, mais realizado profissionalmente, o que cria um ciclo positivo de produtividade e satisfação no trabalho, algo que a simples adoção do termo "colaborador" não é capaz de proporcionar. Afinal, o respeito e o reconhecimento do trabalhador não dependem de eufemismos, mas de ações concretas que estabeleçam uma relação de reciprocidade verdadeira entre empregado e empregador.