Assédio eleitoral no trabalho: Riscos legais e como proteger sua empresa

Entenda as consequências legais e como evitar o assédio eleitoral no ambiente corporativo.

Michelle Lima.

1/3/20252 min read

Durante períodos eleitorais, o ambiente de trabalho pode se tornar um espaço delicado para discussões políticas. Para as empresas, é fundamental compreender os limites da legislação e as obrigações de manter um ambiente respeitoso e livre de qualquer forma de coação ou assédio eleitoral.

O que é o assédio eleitoral?

De acordo com a Resolução CSJT 355/2023, o assédio eleitoral acontece quando, no ambiente profissional ou em situações relacionadas ao trabalho, ocorre coação, intimidação, ameaça, humilhação ou constrangimento do trabalhador(a), no intuito de influenciar ou manipular voto, apoio, orientação ou manifestação política.

Também é assédio eleitoral quando, no ambiente de trabalho, ocorre distinção, exclusão ou preferência por um (a) trabalhador (a) em razão de sua convicção ou opinião política, inclusive no processo de admissão.

Exemplos de assédio eleitoral podem incluir:

- Pressão direta para que funcionários votem em um candidato específico;
- Ameaça de demissão ou retaliação caso a escolha política do funcionário seja contrária à orientação da empresa;
- Oferta de benefícios, como aumento de salário ou bonificação, em troca de votos.

Quais são as implicações legais?

A legislação eleitoral brasileira é clara: qualquer tentativa de influenciar ou coagir um trabalhador em relação ao voto é ilegal. A empresa, bem como seus gestores, pode ser responsabilizada por essas ações, enfrentando:

- Multas eleitorais significativas;
- Danos à imagem e reputação;
- Ações trabalhistas por assédio ou discriminação;
- Consequências criminais em casos mais graves.

Como as empresas podem prevenir o assédio eleitoral?

Para evitar o assédio eleitoral e garantir um ambiente de trabalho respeitoso durante o período eleitoral, as empresas devem adotar uma postura preventiva:

1. Política Interna Clara: É essencial que a empresa estabeleça diretrizes internas proibindo qualquer forma de pressão ou coação política. Isso pode ser feito através de um código de conduta ou política de compliance específica para períodos eleitorais.

2. Treinamento de Gestores: Os gestores devem ser capacitados para reconhecer e evitar práticas de assédio eleitoral. Eles devem compreender que qualquer tentativa de influenciar politicamente seus subordinados pode trazer graves consequências legais para a empresa.

3. Ambiente Neutro: A empresa deve se esforçar para manter um ambiente de trabalho neutro, onde discussões políticas não interfiram na dinâmica profissional. Isso inclui a restrição de campanhas políticas internas e a orientação para que os funcionários respeitem a diversidade de opiniões.

4. Canal de Denúncia: Ter um canal de denúncia confidencial para que os funcionários possam relatar qualquer tipo de pressão ou assédio político é uma ferramenta importante para mitigar riscos.

5. Monitoramento e Acompanhamento: A empresa deve monitorar eventuais conflitos e agir prontamente quando surgirem situações de assédio ou discriminação política.

Conclusão:

O período eleitoral pode ser um desafio para as empresas, que devem garantir um ambiente livre de pressões indevidas. Ao adotar medidas preventivas e respeitar o direito dos colaboradores à liberdade de escolha, as organizações não apenas se protegem de implicações legais, mas também promovem uma cultura de respeito e ética no ambiente de trabalho. Empresas que negligenciam esses aspectos correm o risco de enfrentar processos trabalhistas e eleitorais, além de danos à sua reputação.

Se você é empresário e deseja garantir que sua empresa esteja em conformidade durante o período eleitoral, consulte um especialista em direito trabalhista e evite problemas futuros.